Caminha aprova instalação de estação salva-vidas no concelho

O município de Caminha aprovou, por unanimidade, em reunião ordinária, a recomendação ao Governo para a instalar uma estação salva-vidas no concelho, na sequência dos recentes naufrágios em Moledo e ao largo de Aveiro que envolveram embarcações ligadas à comunidade piscatória local.
Hugo Gonçalves
Hugo Gonçalves Jornalista
17 dez. 2025, 19:41

Costa da praia de Moledo, em Caminha, com um posto de salvamento e um navio no fundo.
Fotografia: O executivo municipal de Caminha sublinha que a medida é essencial para reforçar a segurança numa zona de elevados riscos.

A Câmara de Caminha aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, uma recomendação do PS ao Governo para a instalação de uma estação salva-vidas no concelho, cuja comunidade piscatória foi afetada pelos naufrágios de domingo, em Moledo e, terça-feira, em Aveiro.

A recomendação, a que a agência Lusa teve acesso, aprovada em reunião ordinária do executivo municipal, pelos quatro elementos da coligação PSD/CDS-PP e pelos três vereadores do PS.

O documento realça que a instalação da estação salva-vidas “constitui uma medida estrutural, tecnicamente fundamentada e politicamente responsável, orientada para a salvaguarda da vida humana, a prevenção de tragédias e o reforço da segurança pública”.

Em causa estão os naufrágios de domingo em Moledo, no concelho de Caminha e de terça-feira ao largo de Aveiro envolvendo uma embarcação registada em Vila Praia de Âncora, também no concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.

Dois dos cinco pescadores que seguiam a bordo da embarcação que naufragou domingo foram resgatados, sendo que um deles, o mestre, é natural do concelho de Caminha, distrito de Viana do Castelo.

A embarcação registada no porto de Vila Praia de Âncora naufragou na terça-feira a cerca de 370 quilómetros de Aveiro, mas o armador António Cunha, natural daquela freguesia, não seguia a bordo do barco “Carlos Cunha”.

A bordo do navio seguiam sete pescadores de nacionalidade indonésia, dos quais quatro estão desaparecidos e três foram resgatados por outra embarcação de pesca que se encontrava nas imediações, sendo que um deles, que se encontrava em paragem cardiorrespiratória, acabou por morrer.

A presidente da Câmara de Caminha, Liliana Silva revelou hoje que o município está a assegurar apoio psicológico às famílias dos pescadores e a garantir alimentação aos operacionais que participam nas buscas pelos três pescadores indonésios desaparecidos desde domingo.

No documento, o executivo municipal de Caminha recomenda “ao Governo de Portugal, através das entidades competentes, nomeadamente, o Ministério da Defesa Nacional e a Autoridade Marítima Nacional” para avaliarem “com caráter de urgência a instalação de uma estação salva-vidas no concelho de Caminha, com cobertura adequada das zonas marítima e fluvial”.

“Que assegure os meios humanos, técnicos e financeiros necessários ao funcionamento permanente e eficaz dessa estação, promova a articulação institucional com o município de Caminha e restantes agentes de proteção civil, garantindo uma resposta integrada e eficiente a situações de emergência”, acrescenta.

A recomendação pede ao Governo que “considere esta intervenção como parte de uma estratégia nacional de prevenção de afogamentos e proteção da vida humana, especialmente em territórios com riscos reconhecidos”.

O “concelho de Caminha possui uma extensa faixa costeira e uma relevante frente ribeirinha, nomeadamente na foz do rio Minho, áreas de elevada afluência balnear, turística, recreativa e piscatória”.

Outro dos argumentos invocados na recomendação prende-se “com as características naturais deste território — confluência de mar e rio, fortes correntes, variações rápidas de maré e condições meteorológicas frequentemente adversas — representam riscos acrescidos para a segurança de pessoas”.

Nos últimos anos, têm-se registado inúmeras situações de afogamento e várias fatalidades, tanto no mar como no rio Minho, com impacto profundo na comunidade local e na perceção de segurança do território. A existência de meios permanentes e especializados de salvamento é determinante para a redução da mortalidade por afogamento, conforme reconhecido por entidades nacionais e internacionais de proteção civil e segurança marítima”.

A instalação de uma estação salva-vidas "reforçaria a articulação entre a Autoridade Marítima Nacional (AMN), o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), Bombeiros, Proteção Civil e Município”.

A recomendação lembra que “a segurança das populações e dos visitantes constitui uma responsabilidade pública fundamental e um fator estruturante para o desenvolvimento sustentável, turístico e económico do concelho que, pela sua localização estratégica no extremo norte do país e pela especificidade dos riscos existentes, reúne condições objetivas que justificam a priorização deste investimento pelo Estado”.